O que você precisa saber sobre Vícios

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A intricada dança do vício no cérebro é um espetáculo complexo, onde comportamentos compulsivos se entrelaçam com a neurobiologia. Neste artigo, mergulharemos fundo nesse labirinto cerebral, explorando desde a automatização de comportamentos viciantes até a fascinante interação entre a dopamina e a neuroplasticidade.

O que é

O vício é mais do que um comportamento: é a automatização de uma ação, mesmo na presença de punição.

Isso ocorre porque o nosso cérebro é extremamente sensível as consequências, principalmente positivos, os nossos comportamentos. Pois a razão, a máquina cerebral tornasse habilidosa informar padrões de onde obteve recompensa, formando assim hábitos ou vícios.

Aqui, entra em cena a neuroplasticidade, a capacidade do cérebro de se adaptar e reorganizar, tanto em termos de conexão, quanto função e até estrutura. Isso significa que aquilo que é prazeroso para seu cérebro vai mudá-lo, deixá-lo sempre a procura de cada vez mais desse prazer.

A tão falada Dopamina

A dopamina, neurotransmissor associado à recompensa, desempenha um papel central nisso tudo. Quando o vício entra em cena, gatilhos específicos acionam uma resposta em cadeia, levando a um aumento de dopamina no cérebro, gerando uma motivação por mais daquilo: seja substância (cocaína), seja comportamento (pornografia).

É o que mostra os estudos da pesquisadora Nora Volkow. Em seus estudos com viciados em cocaína, ficou demonstrado que a redução de receptores de dopamina no núcleo accumbens, região que processa recompensa no cérebro, cria uma necessidade crescente da substância, ativando o temido mecanismo de busca, conhecido como craving (o que popularmente chamamos fissura).

Ou seja, quanto mais você usa uma substância, menos prazer você sente e mais precisa voltar a usar, criando assim uma dependência que te deixa aprisionado.

Impulsividade e a Redução do Córtex Pré-frontal:

Outro fator que vale destacar aqui é que o vício não apenas altera a química cerebral, mas também modifica a sua estrutura. Há, por exemplo, uma redução da atividade do córtex pré-frontal, responsável pelo controle de impulsos, contribuindo assim para toda a falta de controle que existe quando estamos buscando satisfazer nossos vícios.

Como o córtex pré-frontal não está lá essas coisas, você fica cada vez mais descontrolado, chegando a fazer coisas que nem imaginaria para conseguir uma migalha de prazer gerada pelo vício.

Um dado interessante é que a pessoa fica tão condicionada em ter prazer rápido e fácil, que não consegue mais tolerar um fato da vida: o tédio. A partir daí, o tédio, torna-se um desencadeador do vício, uma vez que os comportamentos normais de vida liberam pouca dopamina (motivação) em comparação ao prazer proporcionado pelo comportamento viciado.

Ambiente e a Sabotagem do Vício:


Outra coisa importantíssima que você precisa saber urgente é que o ambiente desempenha um papel crítico na manutenção ou superação do vício.

Há um interessante estudo liderado por Liv Robbin com veteranos do Vietnã, que destaca o papel do ambiente na trajetória do vício. O que este estudo constatou foi que no campo de batalha, o vício em heroína era prevalente, mas ao retornarem para casa, apenas 5% dos soldados continuaram usando.

Isso significa que o lugar, as pessoas ao seu redor, as mínimas coisas ao seu redor podem determinam seu sucesso ou fracasso na luta contra os vícios.

A primeira mudança que precisa ser feita em sua vida é em seu Ambiente.

Verdade difícil de engolir

Há um fato sobre vício que você precisa conhecer: vício é crônico, ou seja, uma vez viciado, sempre viciado.

Estudos com ratos viciados em cocaína, deixados sem consumi-la por um ano (equivalente a 40 anos em termos humanos), surpreendentemente voltaram ao consumo. Isso destaca a complexidade do vício e a resistência que ele apresenta mesmo após períodos prolongados de abstinência.


Isso significa que você não deixa de ser viciado, deixa de ser usuário. Mas, não é motivo para achar que não seja possível vencê-lo.

Só que você precisa decidir vencer todo santo dia.

Agora você tem mais um aliado a você para te ajudar nessa batalha: o conhecimento

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